Ele abre os olhos devagar, estica o braço, procurando o corpo que ali deveria estar ao seu lado. Nada. Apenas a cama vazia, ainda quente. Ele se levanta e vai em direção a cozinha. Ela está lá, com uma xícara de café em mãos, olhando pro vazio de uma parede já não mais tão branca. Ele se aproxima:
- Bom dia, meu am... - ela se esquiva do beijo, volta pro quarto.
Ele não entende. Já está acostumado com as reviravoltas no humor da esposa, mas não se lembra de algum motivo aparente desta vez. Ele simplesmente toma seu café sem dizer nada, na esperança de que a deixando sozinha, ela se acalmasse.
Quando volta pro quarto, ela chora, sentada na cama. Um choro leve, não há mágoa aparente. Parece mais um choro de saudade, de emoção, não de dor alguma. Ele se senta ao seu lado, limpa as lágrimas do rosto dela, ela não o olha, acho que não teve coragem pra isso ainda. Ele tenta:
- Aconteceu algo, meu anjo?
Ela não diz nada, se levanta e se tranca no banheiro. À essa altura, ele já não sabe o que fazer... ver sua amada daquele jeito sempre foi seu fraco, pára em frente a porta e já desesperado com a situação, investe:
- Amor, fala comigo, o que houve?
- Nada, meu amor, nada, só... preciso de um tempo comigo mesma.
- Foi algo que eu fiz? Porque se foi, eu não tive intenção e... - ela abre a porta.
Tem em suas mão um daqueles testes de farmácia, com um simbolo de positivo em vermelho. Ele olha nos olhos dela, encontra lá um misto de felicidade e medo. Ele entende. Se abraçam.
Não há nada mais que precisa ser dito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário